Tudo o que Você Pensa, Pense ao Contrário

Esse é o título de um dos livros do Paul Arden, e uma frase superinteressante que tem a ver com nossas crenças e com viés cognitivo como o caso do efeito dunning-kruger (quanto mais você souber, menos confiante você estará. Ao passo que quanto menos você sabe, mais pensa que sabe.) Vou pegar carona nessa frase e na proximidade da abertura nos jogo olímpicos de TOKIO 2021, para contar uma história boa de se refletir sobre a modalidade do Salto em Altura.

Você (assim como eu, antes de ler o livro do Paul Arden) provavelmente não tenha ouvido falar do Richard (Dick) Fosbury. Um americano que ficou conhecido por experimentar e criar um estilo chamado de “Fosbury Flop” (Estilo Fosbury) sobre o salto em altura.

Basicamente o Fosbury Flop consiste em correr em alta velocidade até a barra e “decolar” com o pé esquerdo, passando a barra primeiramente com a cabeça virada para cima, seguida do salto de costas.

Esse estilo teve simplesmente sua primeira aparição em disputas oficiais no Jogos Olímpicos de 1968, na Cidade do México. Quando Fosbury executou o salto pela primeira vez na competição chegando à marca de 2,22 e surpreendendo a todos não somente pelo novo estilo mas por conquistar o ouro olímpico.

Abaixo o vídeo que mudou o estilo da modalidade para sempre e uma reflexão sobre como olhar as coisas:

Tudo o que Você Pensa, Pense ao Contrário

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UTOPIA PARA REALISTAS 2

Há 7 meses eu escrevi um texto onde refletia sobre alguns pontos do livro que acabara de ler: “UTOPIA PARA REALISTAS”, de Rutger Bregman. Nas últimas 8 ou 10 semanas esse livro e as minhas reflexões sobre ele voltaram à minha mente para questionar alguns padrões que estamos rompendo em nosso modo de pensar e viver atualmente. Me questiono também sobre algumas mudanças no mundo que antes pareciam um pouco utópicas e que hoje começam a nos mostrar confrontar cada vez mais reais.

No texto que publiquei um dos destaques da discussão foi a previsão do economista John M. Keynes, que junto aos seus alunos chegaram a conclusão que “em 2030 estaríamos trabalhando apenas 15 horas por semana”. Hoje a Microsoft reduziu em 20% a carga horária dos seus colaboradores em seus escritórios do JAPÃO e tiveram alguns resultados surpreendentes:

             O número de dias úteis foi reduzido em 20%

             O número de papéis impressos foi reduzido em 58%

             O consumo de eletricidade foi reduzido em 23%

             A produtividade aumentou cerca de 40%, com 92% dos funcionários dizendo que estavam satisfeitos com o programa até o final de sua execução.

Após 7 meses desse texto que publiquei e do experimento na Microsoft no Japão, o que temos de mudança no mundo de hoje? Uma grande parte das pessoas se adaptando a esse novo normal, com formas de produzir, interagir e se conectar estão sendo reinventadas, mas e quando nem todos podem ter esse privilégio? E quando questões sociais falam mais alto do que aquilo que nós enxergamos como oportunidades? Questões sociais também são tratadas no livro com frentes que nos fazem pensar em como podemos ser mais justos. O autor chega a destacar  que a “a renda básica universal seria a maior conquista do capitalismo”. Isso por que não estamos falando em apenas distribuir renda aos mais pobres, mas estamos olhando por um olhar egoísta como seres humanos, “apoiado em pesquisas que correlacionam a distribuição incondicional de dinheiro a reduções de criminalidade, mortalidade infantil, desnutrição, crescimento econômico, etc…”

Curioso para saber mais sobre o livro? Clique nesse link com uma resenha da editora Sextante, que publicou o livro no Brasil.

Boa leitura!

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UTOPIA PARA REALISTAS: A DIMINUIÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO

“Em 1930 se você tivesse perguntado ao maior economista do século XX qual seria o maior desafio do século XXI, ele não teria pensado duas vezes: LAZER” – assim começa um dos capítulos do livro instigante UTOPIA PARA REALISTAS, do escritor e pesquisador Rutger Bregman. Dentre os destaques do livro está a discussão da diminuição da jornada de trabalho feita por um dos maiores economistas, o britânico John Maynard Keynes.

Bregman destaca no capítulo que Keynes e um grupo de alunos de Cambridge discutiam em 1930 ideias que iam contra alguns problemas enfrentados na época (a grande depressão ganhando força, pobreza generalizada e uma tensão internacional). Dentro dessas ideias? As “perspectivas econômicas para nossos netos”. A conclusão deles? “Em 2030 estaríamos trabalhando apenas 15 horas por semana”.

Enfim dentre todos os estudos apresentados no livro, os insights e perspectivas que temos com o advento da tecnologia, a inteligência artificial, as readequações das relações de trabalho, e até mesmo a  possível comprovação em pleno ano de 2019 que as empresas podem ganhar com isso, será que chegaremos ao ponto de termos uma semana de trabalho de apenas 4 dias?

Você deve ter lido em algum portal/ jornal de negócios, ou mesmo algum colega de trabalho comentado contigo o experimento que a Microsoft Japão compartilhou essa semana em revistas e jornais como Business Insider, Forbes, The Guardian dentre outros. Um experimento na redução da sua jornada de trabalho, de 5 para 4 dias.

O experimento realizado no verão japonês com os mais de 2 mil colaboradores chamou atenção da empresa por diversos motivos como:

  • O número de dias úteis foi reduzido em 20%
  • O número de papéis impressos foi reduzido em 58%
  • O consumo de eletricidade foi reduzido em 23%
  • Além disso, a empresa também disse que a produtividade aumentou cerca de 40%, com 92% dos funcionários dizendo que estavam satisfeitos com o programa até o final de sua execução.

Se isso começará a ser tema dos gestores de empresas eu não sei é caso de uma UTOPIA, mas isso poderá ser com certeza uma UTOPIA PARA REALISTAS.

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Do you speak English? And Spanish? And French? And Poloshi?

One minute please…antes de começar falando do novo produto da Google, temos que concordar em uma coisa: a tecnologia é maravilhosa!

Na última quarta-feira (04 de Outubro) a Google (sim mais um texto, sobre mais um produto da empresa), lançou um produto chamado Google Pixel Buds.

São fones de ouvido que daqui há algum tempo podem ser considerado também, assim como o primeiro Iphone em 2007 de um divisor de águas no que acreditamos ser hoje um simples fone de música.

Meu destaque para esse produto é que além de “apenas ouvir música” e se eles pudessem nos ajudar no cotidiano de realizar perguntas e obter respostas. Mais do que isso, e se esse fone pudesse traduzir mais de 40 idiomas em tempo real?

Pois bem, é isso que o Google vem nos presentear mundão. Um fone que “ajuda” as pessoas no seu dia a dia. Um fone que poderá em tempo real traduzir uma convesa entre Hungaro, um Croata e um Coreano.

Ficou curioso? No vídeo abaixo de apresentação do produto, basta clicar na barra de rolagem com o tempo de 1:43:00 e conferir a apresentação (fica tranquilo, que se preferir tem legenda e também tradução):

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Primer, o app da Google que ajuda você a aumentar seus conhecimentos em marketing.

A partir da necessidade em ajudar seus clientes, usuários e pequenos anunciantes, a Google lançou no mercado americano um aplicativo de nome Primer. O app foi um sucesso com downloads de brasileiros, onde a barreira da lingua não intimidou o download de 40 mil ususários.

Após esse fenômeno, o Google lançou uma versão em Português para o Brasil onde a última versão já está com mais de 18 certificações que vão de temas como “Comunicação com Cliente”, “Gerenciamento de Negócios, “Empreendedorismo”, “Vendas” entre outros.

As lições são de 5 minutos e trazem exercicios para o usuários praticar. A cada lição concluida, o aplicativo recomenda o próximo passo.

Uma ótima oportunidade para aprender mais com o que chama hoje de “microlearning”.
Quer saber mais? Acesse: https://www.yourprimer.com/about.html

Referências:
http://www.portalnovarejo.com.br/2017/10/02/primer-app-google-qualificacao/

https://marketingdeconteudo.com/google-primer-especializacoes-gratuitas/

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Ouça rádios do mundo todo de graça com a Radio Garden

Conheça a Radio Garden, projeto que permite você estações de rádio de todo o mundo: http://radio.garden/

O serviço gratuito e lhe da mesma experiência de encontrar programações ao redor do mundo no Google Earth.

A cada ponto verde corresponde um local / estações e clicando nesses pontos você pode selecionar uma ou mais rádio da localidade. Caso você queira trocar de emissora, basta clicar na lista que fica no canto inferior direito.

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Infinito Particular

Hoje em dia, a tecnologia, as mídias sociais e a exposição excessiva trazem o melhor e o pior de cada pessoa.

As pessoas são o seu próprio termômetro, retratando-se e depois quase dizendo: “eu não sou dificil assim de ler, faça sua parte, eu sou daqui não de marte”.

Enfim, cada um sendo seu porta-bandeira, cada um no seu infinito particular.

Como dizia Zygmunt Bauman, o mundo é cada vez menos sólido e cada vez mais liquido.

Em alguns instantes somos pequeninos e também gigantes.

O mundo é portátil, e para quem não tem nada a esconder (seu todo ou em partes) eu publico, eu escrevo, eu posto, eu gosto…

Mas não tenha medo, só não perca o clique, o like, o post ao entrar.

Em seu, no meu, no nosso infinito particular.

*sem melodia, sem o ritmo e com algumas palavras a mais e a menos você acabou de ler acima, a letra de Infinito Particular de Marisa Monte, que pra mim retrata o hoje de cada um.

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2017 – Internet Minute

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março 14, 2017 · 12:30 pm

NÃO ACHEI NADA DE MAIS

imagesOCORREU EM 1988

Nos anos 80 existia a tradição Nerd de matar uma tarde de trabalho para caminhar pelos corredores das feiras de tecnologia. A ideia era conhecer novidades, encontrar amigos, ver e, claro, ser visto.

Lembro que naquelas férias de software, o máximo era conseguir uma cópia de algum programa da moda, a custo zero. Os Baixaki da época eram nossos amigos que, com boas conexões com os expositores, operavam o milagre e faziam com que aquelas pequenas caixas retangulares de papelão virassem nossos troféus e tesouros. Bons tempos!

Em 1988 encontrei um colega de faculdade participando, como expositor, da feira de hardware. A empresa onde ele trabalhava estava expondo uma novidade: os computadores pessoais. Na época, aquilo me pareceu similar aos terminais IBM que utilizávamos para trabalhar com equipamentos de grande porte, portanto, não entendia sua grande animação com o novo produto. De qualquer forma, quando comentei que trabalhava em uma software house ele me puxou pelo braço para dentro do stand e iniciou uma apaixonada explicação técnica. De todo aquele discurso guardei um nome que no futuro viria a ter certa relevância: um sistema operacional em “janelas” .

Passado o entusiasmo inicial, ele confidenciou que sua empresa estava com um problema: eles tinham vendido 200 desses equipamentos para a sede local de um Banco estrangeiro, mas não existiam programas para rodar no equipamento.  Da mesma forma, estava prevista a entrega de outros 200 equipamentos para outro cliente, nas mesmas condições. Em função disto, eles entendiam que, para permitir a expansão dos negócios, seria fundamental encontrar um parceiro que desenvolvesse os sistemas requeridos.

A oferta era simples: eles treinariam os desenvolvedores no novo sistema operacional e nas linguagens de programação a serem utilizadas e, de brinde, entregariam de bandeja os clientes. Eles não queriam entrar na indústria do software.

Voltei para casa muito ansioso e mal consegui dormir à noite pensando nas possibilidades que essa oportunidade poderia abrir. Eu sabia, pelos papos nos corredores, que a Empresa na qual trabalhava estava desesperada por novos clientes. Portanto, essa oportunidade tinha chegado na hora certa!

No dia seguinte, pela manhã, pedi para conversar com nosso Diretor Comercial que, na época, era tudo o que eu gostaria de ser: um profissional com uma fantástica cultura de TI, poliglota, articulado, seguro de si, simpático e muito bem humorado.  Lembro que quando tínhamos que visitar um cliente, entendíamos que só a presença dele já era meio caminho andado para fechar o contrato.

Ele me recebeu e foi muito gentil durante nossa conversação. Depois que expus o projeto ele comenta: “Cristian, entenda, nosso negócio é desenvolver software para equipamentos de grande porte. Os computadores pessoais não passam de brinquedos que logo vão desaparecer”.

Eu saí muito triste e frustrado dessa reunião. Mesmo tendo pouca experiência profissional, não pude evitar a sensação de que estávamos cometendo um grande erro.

Menos de um ano depois a Empresa fechou. Mocinhos e bandidos foram todos parar na rua!

OCORREU EM 1997

Em 1997 fiz um curso na FGV /SP. No primeiro dia de aula a professora faltou por problemas pessoais, mas ela foi brilhantemente substituída pelo seu marido, também professor da FGV. O tema da aula, que não estava no programa, foi “Economia Digital”.

Uma das primeiras perguntas que ele fez foi: quantas pessoas da sala tem e-mail? De um total de quarenta, apenas três levantaram o braço. Eu fui um deles. Um amigo tinha criado um e-mail para mim, mas na época, não tinha muito clara sua utilidade.

O resto da aula foi uma viagem ao futuro próximo, onde ele comentou sobre: gestão do capital intelectual, geração de novas tecnologias, novas estruturas organizacionais, criação de equipes virtuais, ataques de hackers, uso de dinheiro de plástico, expansão das empresas globais, novas formas de organizar o trabalho, novos processos de produção, concorrência internacional por empregos, entre outras coisas. Ufa!

O recado final foi claro: ou você se preparava para esse novo mundo ou ficará eternamente preso no século 20. Eu diria que, dependendo de onde você estivesse trabalhando, poderia ter sido século 19. De qualquer forma, lembro que, mais uma vez, eu não dormi à noite.  Recebi a mensagem como um “soco no estomago”.

No ano 2000 mudei de emprego e comprovei que a bola de cristal daquele professor estava muito bem configurada, pois comecei a conviver exatamente com a realidade descrita acima. Na época agradecia pelo “soco no estomago”, pois eu tinha me preparado para o que estava acontecendo e pude aproveitar muito bem as novas oportunidades.

Lamentavelmente, muitos dos meus amigos ficaram para trás. Alguns deles assistiram à mesma aula que eu assisti, mas não acharam nada de mais. Ainda hoje, vejo que eles fazem esforços heroicos para entrar no século 20. Bom, já é um começo.

OCORREU EM 2016

Recentemente assisti a uma palestra sobre novas formas de organização e trabalho.

Entre outras coisas, o expositor falou da desintegração das organizações tradicionais e a criação de novas estruturas mais flexíveis e interconectadas, onde os empregados tradicionais seriam substituídos por colaboradores temporários, focados no atendimento de necessidades pontuais e na solução de problemas específicos.

Em este novo modelo, os organogramas dariam lugar a mapas de necessidades a serem atendidas. Seria, portanto, isso o que orientaria a solicitação e contratação de serviços.

Em paralelo, as áreas de suporte seriam eliminadas das organizações, sendo substituídas por novos provedores, coletivos ou individuais, que passariam a orbitar em torno dessas organizações, atendendo, simultaneamente, várias delas.

Como consequência natural, a área de Recursos Humanos desapareceria, pois não haveria mais empregados para administrar. Por outro lado, com tantas interconexões, provavelmente surgiria a figura do Gestor de Conflitos.  Alguém se habilita?

Essas afirmações me fizeram voltar àquela sala de aula de 1997. As reações de alguns colegas que estavam assistindo a palestra e outros com os quais conversei sobre esses novos conceitos me fizeram lembrar aquele Diretor Comercial de 1988.  Mas, pelo menos, desta vez, ninguém disse: não achei nada de mais.


Cristian Parada

Vice-presidente para América Latina e Caribe da XEROX. tem mais de vinte anos de experiência em RH,  um MBA em Gestão de RH pela USP e iniciou sua vida acadêmica na área de Tecnologia.

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Entrevista com Cristian Parada: gestão, sociedade e diferenças culturais

cristian paradaHoje o blog bate um papo com  Cristin Parada, vice-presidente para América Latina e Caribe da XEROX. O contato inicial se deu através de um evento sobre Recursos Humanos, onde Cristian fez contundentes colocações e levantou questões interessantíssimas sobre a sociedade, a cultura e o perfil dos profissionais brasileiros.

Cristian nasceu no Chile, tem mais de vinte anos de experiência em RH,  um MBA em Gestão de RH pela USP e iniciou sua vida acadêmica na área de Tecnologia.

Cristian aceitou o convite do blog para compartilhar sua experiência e trazemos aqui um pouco sobre as diferenças culturais entre nacionalidades, além de seus efeitos,  positivos e negativos, na gestão de organizações no Brasil. Boa leitura!

  • VOCÊ ACREDITA QUE AS MULTINACIONAIS QUE AQUI ESTÃO OU EXECUTIVOS BRASILEIRO QUE TRABALHAM LÁ FORA PRODUZEM MENOS DO QUE PODERIAM, POIS NÃO CONHECEM A CULTURA LOCAL?

Acredito que as empresas multinacionais com operações no Brasil só tem a ganhar se investirem tempo para conhecer a cultura local. Fazendo isto poderão aproveitar, ainda mais, as caraterísticas positivas e as competências naturais de seus empregados. Por outro lado, conhecendo nossos pontos fracos, as empresas poderão se preparar melhor para lidar com eles e assim minimizar seu impacto negativo.

O executivo Brasileiro é valorizado pela sua formação, criatividade, adaptabilidade e flexibilidade. Como você sabe, o dia-a-dia do país treina a gente para lidar com imprevistos e viver com incertezas. Acredito que se não fosse assim já teríamos “surtado” há muito tempo. O lado negativo é que muitos de nossos colegas acreditam que o mundo é um grande Brasil e que basta mostrar nosso passaporte de “gente boa” para dar tudo certo. Isto é um grande erro, pois faz com que nossa gente, provavelmente sem saber, ofenda os interlocutores pelas suas atitudes, comentários ou comportamentos, tais como: falta de comprometimento, informalidade no momento errado, falta de pontualidade, estridência desnecessária, descuido com o “dress code” local e por aí vai.

Devemos entender que os países tem regras culturais que devem ser respeitadas. Conhece-las e aceita-las fará a vida do Brasileiro que está fora muito melhor. Gostaria de dar um exemplo: há alguns anos estive na Itália de férias e cruzei com vários turistas brasileiros. Fiquei impressionado com a falta de tato e educação de muitos deles. Aparentemente, eles entendiam que os Italianos eram obrigados a entender o português, portanto, ao perceber os primeiros problemas de comunicação eles gritavam e gesticulavam, como se a estridência fosse facilitar as coisas. Depois de um tempo, viravam as costas e deixavam o interlocutor falando sozinho e chateado, pois ele tinha apenas tentado entender e ajudar. O engraçado é que de volta ao Brasil a principal reclamação que se escutava era sobre como os Italianos eram mal educados, sem nenhuma referência ao próprio comportamento. Imagino que o falso “Italiano”  falado nas novelas fez muita gente acreditar que falar português imitando o Adoniran Barbosa seria suficiente para conquistar Roma.

  • NA SUA OPINIÃO, QUAIS SERIAM AS INICIATIVAS QUE DIMINUIRIA O RISCO DE NÃO CONHECER A CULTURA LOCAL?

Há alguns anos acompanhei um executivo recém expatriado em uma reunião com a sua (nova) equipe de trabalho baseada em São Paulo. Ele desejava expor um projeto e queria a concordância do grupo antes de seguir em frente. No fim de sua exposição houve silêncio total na sala. Ele então deu por encerrada a reunião e foi, feliz, para sua sala. Quando perguntei o motivo da sua alegria, ele comentou: fiquei feliz de ver que equipe está de acordo com o projeto! Eu perguntei sobre a base para essa afirmação e ele respondeu: ninguém se manifestou contra! Nesse momento foi minha vez de explicar que, ao contrário do seu país de origem, no Brasil, o silêncio educado é indicação de discordância, não de concordância. Ele não conseguia entender nosso comportamento pois, para ele, se uma pessoa é contra algo deveria manifestar claramente esta posição. A essa altura, expliquei que na América Espanhola o confronto é aceito e até estimulado, mas na América Portuguesa, o confronto é claramente evitado. Ou seja, por natureza, o Brasileiro tende a ser cordial, mesmo contrariado. Ele entendeu e marcou outra reunião, onde, melhor preparado, “arrancou” opiniões, críticas e sugestões dos participantes, sem esquecer que ele deveria, também, tentar ser razoavelmente cordial.

A primeira e principal iniciativa recomendada é ter consciência de que as coisas provavelmente são diferentes e que não devemos ter vergonha de perguntar sobre isso. Sua preocupação será bem recebida e valorizada!

A segunda importante inciativa é aceitar as diferenças e tentar tirar um proveito positivo delas. Ignorá-las ou, pior, ridiculariza-las ou repudia-las só lhe trará problemas.

A terceira iniciativa é aprender quais diferenças devem ser levadas, realmente, a sério e quais podem ser relevadas, sem maiores consequências. Isto, obviamente, deve ser feito com a ajuda de uma pessoa local de sua confiança. Neste caso, sua própria percepção não será uma boa conselheira.

  • QUAL OU QUAIS SERIAM ALGUNS EXEMPLOS PARA NÃO FALHARMOS OU NOS INSPIRARMOS?

Veja aqui alguns exemplos:

Marquei uma reunião de trabalho às 14h00 que, na minha opinião, seria o horário perfeito de início. Ocorre que no país onde isso ocorreu, 14h00 era horário normal de almoço, portanto uma reunião que se inicia às 14h00 pressupõe  que inclui um convite para almoço. Ou seja, o pessoal convidado chegou à reunião sem ter almoçado. Durante a reunião de 4 horas eu ofereci  café e água. No fim da reunião eles comentaram sobre minha gafe, já mortos de fome. Qual foi minha falha? Não perguntar quais eram os costumes locais em relação a horário de almoço e início/fim de reuniões.

Um executivo americano de visita ao Brasil quis saber o motivo de termos TVs nos nossos escritórios, principalmente em nossa “área de produção”. Eu expliquei que era Copa do Mundo de Futebol e que o pessoal gostava de acompanhar os jogos, mesmo sem som. Na verdade, “acompanhar” era a palavra errada, pois eles apenas davam uma espiada de vez em quando na tela. Ele ficou horrorizado e falou que nossos funcionários deveriam “baixar a cabeça e apenas trabalhar” e não ficar assistindo TV. Expliquei para ele que era um período especial e que em nossa avaliação sem TV as faltas aumentariam, o que não seria nada produtivo. Ele continuou emburrado. Mesmo o argumento de “diferença culturais” não fez sentido para ele, que chamou isso de “Bullsh***” um belo palavrão em Inglês. Obviamente, o comentário criou um grande mal-estar e botou toda a equipe local contra o visitante, que foi embora sem ter atingido seus objetivos. Ele não sabia que os brasileiros são os reis da “resistência passiva”.

Um antigo chefe foi a trabalho para Madrid, Espanha.  No final do dia de trabalho ele foi convidado para jantar. O pessoal local o levou para o hotel e se comprometeu a pegá-lo mais tarde na recepção do hotel. Ele tomou um banho e escolheu um agasalho de ginástica como roupa para jantar, pois isso era o que normalmente fazia na sua casa em São Paulo. Desceu à recepção às 20h30 e esperou, esperou, esperou. Às 22h00 o pessoal chegou para pegá-lo. Todos eles elegantemente vestidos, como era a tradição em Madrid. Obviamente eles não entenderam o motivo de ele estar vestido com roupa de ginástica e, menos ainda, porque ele estava esperando desde às 20h30 para jantar.

Um executivo expatriado, já acostumado com nossa informalidade, falta de pontualidade e desapego às regras, não deu muita atenção às reiteradas recomendações de não deixar de apresentar a declaração anual de IR. Segundo ele, tinha muita coisa para fazer e não tinha tempo para cuidar disso. Venceu o prazo e ele não apresentou sua declaração. Quando foi informado sobre as consequências, não podia acreditar. Ou seja, ele aprendeu da pior forma que a informalidade brasileira tem certos limites.

  • O DESAFIO ENTRE CULTURAS DIFERENTES É VISTA SOMENTE ENTRE DIFERENTES PAÍSES OU UM PAIS CONTINENTAL COMO O NOSSO É UM EXEMPLO DE COMO DEVEMOS ESTUDAR E TOMAR CUIDADO ENTRE AS DIFERENTES REGIÕES?

O Brasil é um pais continental que por razões históricas e, ao contrário do resto da América Latina, conseguiu manter a unidade de seu território.  Esta unidade física tende a esconder diferenças culturais e principalmente, preconceitos ou ideias pré-concebidas. Sendo assim, os mesmos cuidados que devemos tomar em relação a outros países, devem ser tomadas localmente.

Minha base sempre foi São Paulo, portanto, em viagens a trabalho dentro do Brasil normalmente estive acompanhado de colegas de São Paulo e percebia neles a mesma arrogância que, tempo depois, vi em colegas vindos de USA. Um certo ar superior, mal escondido. Essa atitude, longe de criar qualquer empatia, tendia a criar problemas desnecessários, o que fazia mais difícil nosso trabalho. Respeito e empatia sempre trazem bons resultados.

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